Almiro do Patrocínio

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Almiro do Patrocínio dos Santos

“Menina Nova”

 

Figura sempre presente todos os dias nas ruas da sede de Jaguaripe, “Menina Nova”, como carinhosamente é chamado o Sr. Almiro pelos amigos jaguaripenses. Com mais de 86 anos, ele viveu grandes momentos da história do município e sabe como poucos contar os “casos” de tudo que aconteceu ao longo dos anos. Sentado, tomando uma “gelada”, tarde ensolarada, venda de Nalva, conversa rápida, relembra dos “bons” tempos.

Em meados de 1920, ainda não existiam barcos a motor como os de hoje, antigamente os barcos eram a vapor e navegavam por toda a Baía de Todos os Santos. Sr. Almiro relembra de 3 barcos que transportavam pessoas e mercadorias saindo da “Baiana” em Salvador, como se chamava popularmente a Companhia Baiana de Navegação, com destino a Nazaré, passando por Jaguaripe. Eram eles: O Nazaré, O Porto Seguro e o Paraguaçu. Depois, outros navios vieram a fazer o transporte, entre eles o Avante, o Visconde de Cairú e o Bela Anisia. Claro que não podemos esquecer os Saveiros, barcos a vela, feitos de madeira da região, construídos por verdadeiros artesãos e que também transportavam pessoas e mercadorias.

No trajeto, os barcos passavam por Mutá, Cações e Pirajuía e abasteciam de mercadorias e passageiros. Ao chegar em Jaguaripe, a atracação era realizada em píer de madeira. E toda a vez que caia um píer, seja por desgaste ou acidentes, outro era reconstruído no lugar.

A iluminação da cidade era feita por candeeiros a óleo. Eram dispostos na frente das casas para iluminar as ruas da cidade. Com a introdução de um gerador movido a gasolina, anos mais tarde, a cidade pode ser iluminada por energia elétrica, assim os postes das ruas eram de madeira e a fiação que ligavam eles eram de cabos sem capa protetora.

Jaguaripe era administrada pelo Sr. Vicente Curdulina, o Prefeito, e pelo Sr. Alexandre Vieira, o Secretário. Entre as personalidades importantes da época, destaca-se a figura de Francelino Maltez, fazendeiro e dono de terras em Jaguaripe e de armazém em Salvador, teve como um dos filhos, um ícone na medicina baiana, Aristides Maltez.

A população vivia da pesca e da agricultura. As estradas eram de difícil acesso, de barro e abertas na mata com facões, posteriormente foram alargadas com máquinas, porém, a cidade nunca se desenvolveu comercialmente, desta forma, até hoje conserva suas características singulares, como se o tempo não tivesse passado.

Tempestade em Jaguaripe

Em meados de 1955, segundo Sr. Almiro, uma tempestade assolou Jaguaripe. Ventania, chuva e trovoada causaram muitos estragos como nunca vistos antes na cidade. Era 18 de dezembro, dia da festa da padroeira da cidade e ocorria a missa na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda. Suas portas estavam abertas no momento da tempestade. Os encarregados da época Teixeirinha e Menezinho, junto com outros cidadãos tentaram a todo custo fechar as portas da Igreja, sem sucesso. O vento era tão forte que impedia os homens de realizar tamanha façanha. A ladeira de acesso a igreja se transformou em uma verdadeira cachoeira e como a tromba d´água fizeram surgir inúmeras ossadas que simplesmente “brotavam” do chão. Essa história ficou marcada e é conhecida por muitos Jaguaripenses que até hoje contam para os filhos e netos este incrível episódio.