Música e Dança

liraFoto: Reverso Online

Sociedade Filarmônica Lira Jaguaripense

Fundada em 1912, a Sociedade Filarmônica Lira Jaguaripense é motivo de orgulho aos moradores da cidade de Jaguaripe, no Recôncavo Baiano, e permanece funcionando até hoje.

Porém, a lira passa por algumas dificuldades, pois faltam instrumentos para novos alunos e manutenção nos que já estão sendo usados. A falta de estrutura afeta o desenvolvimento dos alunos e atrasa a formação dos músicos, já que os instrumentos sem a manutenção adequada comprometem a qualidade do som.

A lira já recebeu muita ajuda da Casa da Filarmônica de Salvador, que doou muitos instrumentos e atuava no conserto e recuperação de outros. No entanto, a casa da Filarmônica de Salvador foi extinta e a Lira Jaguaripense ficou sem esse apoio.

Os alunos passam por aulas teóricas e práticas até que se tornem músicos efetivos da banda.

A filarmônica se mantém através da ajuda da comunidade, por meio de sócios que contribuem todo o mês, de festas e bingos organizados para arrecadar dinheiro, além da Prefeitura local.

Os músicos tocam em praticamente todas as festas populares e cívicas tradicionais da cidade, como a festa do Padroeiro, aniversário da cidade, festa de São Roque, de São Jorge e outras. Nem sempre as apresentações são remuneradas; algumas vezes, a filarmônica toca voluntariamente.

“As pessoas se emocionam vendo a Lira tocar. É um dos orgulhos da nossa cidade”, diz Péricles Silva, político do município.

É através do trabalho que desempenha o maestro com seus alunos que pode dar uma profissão aos meninos que participam, além de servir de incentivo para os estudos, pois só pode participar quem estiver indo bem na escola. E funciona. É visível o interesse dos jovens em participar da filarmônica.

Além disso, o maestro que também trabalha como padeiro e pedreiro, acredita que esta é uma maneira de manter os jovens num bom caminho e longe das drogas, motivando-os a seguir com uma profissão.

Joselito Teixeira, já falecido, conhecido como Mestre Zelito, foi um dos músicos da filarmônica na sua primeira fase, alguns anos depois da sua criação. Ele foi um dos responsáveis pela reconstrução do prédio onde ficava a lira, após a sua queda. Na época, como tesoureiro, lutou para manter a Lira funcionando.

Um dos nomes mais respeitados e queridos da cidade tinha uma opinião um pouco mais crítica, e por que não, nostálgica a respeito da atuação da lira, qualificava como “boazinha, mas agrada” . Hoje, os alunos se dedicam para aprimorar os conceitos e elevar a qualidade da Filarmônica.

Ele chamava a atenção para a situação desconfortável que a lira se encontrava alternando entre altos e baixos. Mesmo assim, ele dizia: “Vale muito a pena ter uma filarmônica na cidade”.

Curiosidade Histórica

Há mais ou menos 50 anos atrás, a Filarmônica sofreu muito com uma tempestade que assolou Jaguaripe. Muita chuva e vento fizeram o 2º andar da edificação desmoronar. A estrutura da construção, na época era predominantemente feita de madeira e o local era usado para os ensaios da Lira Jaguaripense. Felizmente ninguém saiu ferido, mas aquele evento ficou marcado na história de Jaguaripe.

Samba de Roda

O samba de roda é uma manifestação musical, coreográfica, poética e festiva, presente em todo o estado da Bahia, mas muito particularmente na região do Recôncavo. Em sua definição mínima constitui-se da reunião, que pode ser fixada no calendário ou não, de grupo de pessoas para performance de um repertório musical e coreográfico.

a singularidade do samba de roda para seus praticantes tem relação com a maneira como este permeia as mais diversas expressões do rico patrimônio imaterial da Bahia, e em particular do Recôncavo, como que acrescentado, feito um intermezzo ou conclusão de caráter lúdico, aos mais variados eventos do calendário festivo religioso ou civil.

O samba de roda ocorre em todo o Estado da Bahia. Apresenta inúmeras variações que parecem estar relacionadas com aspectos ecológicos,  históricos e socioeconômicos das diferentes regiões do Estado. Mas o Recôncavo – como veremos, em detalhe, a seguir – tem importância fundamental na formação política, social e econômica do Estado da Bahia. É responsável também pelas suas principais referências culturais, artísticas e, por assim dizer, pelo ethos atribuído, fora e dentro do Estado, ao povo baiano. Para situar geograficamente essa região, podemos adotar como ponto de partida a definição fornecida pelo Guia Cultural da Bahia, vol. 2, Recôncavo (1997): “A faixa de terra que contorna a baía de Todos os Santos, formada por mangues, baixas e tabuleiros, é conhecida como a Região do Recôncavo. Para este guia cultural, que adota a divisão econômica do Estado, o Recôncavo está dividido em duas regiões distintas, uma compreendendo a Região Metropolitana de Salvador e a outra chamada Recôncavo Sul, incluindo, além dos municípios tradicionalmente identificados como do Recôncavo, aqueloutros que constituem o vale do Jiquiriçá.

Todos os anos, já algumas décadas, Dona Fia, uma matriarca rica em conhecimentos da sua gente, realiza um samba de roda na comunidade do Recôncavo, chamada Pirajuía – distrito de Jaguaripe, na contra costa da Ilha de Itaparica, onde ela vive com sua família. A dança faz parte do cotidiano da vila, com as preparações ritualísticas, o envolvimento dos vizinhos e moradores.

“A gente precisa muito do homem por causa do toque, porque raramente a mulher toca; e o homem precisa da mulher pra acompanhar na voz e no pé. Sem a mulher não tem samba, sem homem também não tem. Aqui a gente depende dos toques, mas pra sambar depende de mulher: um samba só de homem, você vem, dá uma olhada e vai embora, mas quando vê mulher, fica”. (D.Mirinha, Pirajuía).”

Fonte: Iphan

Músicas do CD Samba de Roda – Patrimônio da Humanidade cantadas pelos Sambadores de Mutá e Pirajuía
Arrasta a sandália
(Samba tradicional do Recôncavo, com adaptação do grupo)
Sambadores de Mutá e Pirajuía
Arrasta a sandália aí
Sou eu morena
Arrasta a sandália aí
Sou eu morena

Ó Virgem Santa / Carolina / Coqueiro novo
(Cântico e sambas tradicionais do Recôncavo, com adaptações do grupo)
Sambadores de Mutá e Pirajuía
Ó Virgem Santa
Rogai por nós
Rogai por nós
Ó Virgem Santa
Nós precisamos de paz
Viemos saudar
Ó meu guia forte
(Ele é forte)
Ó meu Santo Antônio
É quem nos dá sorte
(Ele é forte)
Ê, ê, Carolina
Ê, ê, ê, ê Carolina
Ê, ê, Carolina
Ê, ê, ê, ê Carolina
Coqueiro novo
Coqueiro novo
Na Bahia não tem mais
Coqueiro novo

Documento: SAMBA DE RODA DO RECONCAVO BAIANO – IPHAN

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Samba de Roda – D. Fia

Regional de Jaguaripe – Carlos Maguary

TERNO DE REIS

O Terno de Reis de Jaguaripe é uma tradição cultural onde representa a visita dos reis magos ao presépio de Jesus. O cortejo apresenta canções típicas, representações teatrais com figurino e instrumentos musicais. O grupo de senhoras Terno do Sol promoveu o resgate desta tradição em 2006, porém é uma cultura que vem desde a época da colonização.

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Jaguaripe

SAMBA DE JAGUARIPE
…………JOÃO BOCA DO MUNDO

No meio da residência
Me encontrei com a solidão
No torrão de Jaguaripe
Sem parente e sem irmão
Sem achar um camarada
Que lhe apertasse a mão

Eu resolvi atravessar para as gamela
Quanto perto fui chegando
Logo que me apareceu
Uma palhoça com a porta e sem janela
Que estava muito tempo
solitária que nem eu

Eu me hospedei nessa palhoça solitária
Quando a noite foi chegando
o pesadelo me pegou
Estava sonhando que eu estava no castelo
Quando o dono da palhoça
uma pedra me jogou

Eu me assustei
Logo que vi na minha frente
Foi um cabra diferente
Me chamando pra questão
Dizendo se arrume e vá embora
Eu aqui não hospedo e aqui não é pensão

Eu fui saindo pela banda da palhoça
Mal dizendo a minha sorte
O caso que me aconteceu
Quando eu encontro uma velha me dizendo
Meu filho que está fazendo
Sua mãe aqui sou eu
Vamos morar lá no Alto do Cabula
Ranchinho, beira no chão
Aquele que Deus me deu